(Um homem de casaco de
cabedal preto está sozinho numa mesa a um canto do café. Debruça-se sobre o
jornal, aberto a toda a largura da mesa.
Entra outro homem, vindo
da rua. Observa as pessoas que se encontram dentro do estabelecimento. Quando
visualiza o homem no canto dirige-se a ele.)
HOMEM DA RUA - Qual é a pergunta
fundamental da humanidade?
HOMEM DO CANTO - O quê?
HOMEM DA RUA - Errado!
(aproxima-se) Qual é a pergunta fundamental da humanidade?
HOMEM DO CANTO - Estás
bom da cabeça?
HOMEM DA RUA - Novamente
errado. Qual é a pergunta fundamental da humanidade?
HOMEM DO CANTO - Não
percebo. O que estás tu aqui a fazer?
HOMEM DA RUA - Não andas
longe, não! A pergunta fundamental da humanidade: o que estamos nós aqui a
fazer? Ou seja, o que cada um de nós está a fazer no mundo, durante
sessenta ou setenta ou oitenta anos?
(O homem da rua senta-se
ao lado do outro homem e, do canto, ficam a observar os restantes clientes).
rla