sábado, 29 de dezembro de 2007

Os pratos da balança

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Por entre as rochas um rapaz, nas mãos levando uma balança, avança em direcção ao mar. Vai procurar pesá-lo. Num dos pratos, o mar há-de revolver-se, debater-se, rebentar, há-de trazer à superfície a força das entranhas e atrair o céu, há-de-o fazer precipitar-se até com ele se confundir, e as próprias rochas através das quais o rapaz segue hão-de pesar no prato ferozmente. Imperturbável, o rapaz colocará no outro prato o seu sorriso.


luís miguel nava

1 comentário:

Goldmundo disse...

Faz-me lembrar Verbo, Nome, Canas, Espelho, e outros mares revoltos. O rapazinho sabe. Lindíssimo!