domingo, 21 de fevereiro de 2010

casa em ruínas


-->O quarto cheira a cogumelos mortos. Uma cama de ferro, com as costas próximas de uma parede caiada, ampara o peso de uma mulher, deitada com a barriga sobre a colcha de renda com cheiro a naftalina. As mãos agarradas ao ferro retorcido da cabeceira. Ao fundo da cama uma cómoda de madeira escura, sobre a qual se encontra um napperon de linho a todo o comprimento do tampo, e sobre ele um retrato dos noivos a descer o altar, acabados de se prometer até à morte, um ao outro. Ela de branco, ele de preto. Uma fotografia a preto e branco. Um casal que nunca teve cor. A abençoá-los, uma estatueta de Nossa Senhora de Fátima, com um vestido branco parecido com o da noiva no retrato. Ao lado, um porta jóias, que nunca teve ouro nem prata, tem guardado um dedal e um par de agulhas e alfinetes.



rla

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